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domingo, 6 de julho de 2014

Manuseio de cigarro eletrônico requer cuidados; usuários relatam explosões

Flávio Carneiro
Do UOL, em São Paulo
O cigarro eletrônico é uma alternativa ao produto comum. Para funcionar, possui uma bateria (que geralmente é de lítio), um compartimento com a essência e uma resistência para transformar esse conteúdo em vapor. Ele é proibido no Brasil e, no exterior, há relatos de incêndios causados principalmente quando os usuários dão carga no acessório.
Acima, um cigarro eletrônico desmontado. Sua estrutura é composta por bateria, compartimento para essência e resistência (que gera o vapor)Acima, um cigarro eletrônico desmontado. Sua estrutura é composta por bateria, compartimento para essência e resistência (que gera o vapor)Apesar de outros gadgets também possuírem bateria, o cigarro eletrônico tem uma particularidade: sua estrutura geralmente é frágil e pode ser danificada facilmente. Além disso, seu uso é muito próximo ao rosto, tornando uma possível explosão mais perigosa. Por isso, o manuseio precisa de cuidados específicos.
Segundo João Carlos Lopes Fernandes, professor de equipamentos eletrônicos do Instituto Mauá de Tecnologia, o cigarro eletrônico é mais vulnerável a todo tipo de danos do que os celulares, por exemplo.
"O celular é mais bem revestido do que um cigarro eletrônico e isso protege sua bateria de amassados, por exemplo. Já no gadget para fumar há apenas uma capinha de plástico, geralmente fina e frágil. Isso deixa o equipamento suscetível a danos, que podem causar vazamento ou curtos", explicou.

Dicas para usuários do cigarro eletrônico
  • Não deixe o dispositivo carregando sozinho 
  • Evite utilizar os carregadores que são de outros produtos, pois a voltagem pode ser mais alta e danificar o cigarro eletrônico 
  • Transporte o cigarro dentro de um estojo seguro, para não danificá-lo 
  • Evite deixar o produto em ambientes quentes, como um carro fechado 
  • Não utilize o aparelho se ele estiver "inchado" 

Nos últimos meses, diversas explosões foram relatadas no exterior. A britânica Kim Taylor afirmou que seu carro foi incendiado pelo gadget. Já em outro caso, uma mulher culpou o produto por um incêndio em seu apartamento. Em um terceiro acidente, a usuária teria sofrido queimaduras na perna depois de o acessório explodir
Quando essas situações acontecem, o motivo é geralmente o uso de um carregador diferente - e não aquele que acompanha o produto. Esse intercâmbio de acessórios é perigoso, segundo o professor Fernandes. "Não se pode carregar eletrônicos em acessórios diferentes só porque eles têm a mesma entrada. Os produtos têm voltagens distintas. Um carregador muito forte pode sobrecarregar uma bateria fraca, causando a explosão", explicou.
 Compre aqui!Outras questões precisam ser levadas em conta para evitar possível incêndio. Climas muito quentes e tempo demais na tomada (como durante toda a noite) podem colaborar para que haja problemas com o gadget, segundo o professor.
Fabricantes estrangeiras como a Eversmoke, a Blu e V2 dão dicas parecidas para os usuários: nunca deixar o produto carregando sozinho, não carregá-lo em ambientes quentes, como um carro fechado, manter o gadget seguro em um estojo e não utilizar o acessório se ele estiver com algum "inchaço".
Em 2009, os cigarros eletrônicos foram proibidos no Brasil por questões ligadas à saúde. Dessa forma, os produtos que são comercializados extraoficialmente por aqui não passam por nenhuma regulamentação - tornando seu uso ainda mais perigoso. Não há garantias da procedência ou qualidade, tanto da essência para o fumo quanto das partes elétricas.





O CIGARRO ELETRÔNICO

Drauzio Varella

Inalar a fumaça liberada na combustão do cigarro é o mais mortal dos comportamentos de risco no Brasil.
Não é de hoje que os fabricantes procuram uma forma de administrar nicotina, sem causar os malefícios da queima do fumo nem tirar o prazer que o dependente sente ao fumar. E, acima de tudo, sem abrir mão do lucro obtido com a droga que provoca a mais escravizadora das dependências químicas conhecidas pela medicina.
Com essa finalidade, foram lançados no comércio os cigarros eletrônicos, uma coleção heterogênea de dispositivos movidos a bateria que vaporizam nicotina, para ser fumada num tubo que imita o cigarro.
Em menos de dez anos, as vendas na Europa atingiram 650 milhões de dólares e 1,7 bilhão nos Estados Unidos. O sucesso tem sido tão grande, que alguns especialistas ousam predizer que o cigarro convencional estaria com os dias contados.
Na literatura médica, entretanto, as opiniões são divergentes.
1) Os detratores
A demonstração de que fumantes passivos correm mais risco de morrer por ataque cardíaco, derrame cerebral, câncer e doenças respiratórias, deu origem à legislação que proibiu o fumo em lugares fechados, providência que beneficiou fumantes e abstêmios.
Especialistas temem que esse esforço da sociedade seja perdido, quando os cigarros eletrônicos forem anunciados em larga escala pelos meios de comunicação.
Comerciais exibidos recentemente nas TVs americanas justificam a preocupação: “Finalmente, os fumantes têm uma alternativa real” ou “Somos todos adultos, aqui. É tempo de tomarmos nossa liberdade de volta”. Mensagens como essas não seduzirão as crianças, como aconteceu com as campanhas de cigarros anos atrás?
Os Centers for Diseases Control, nos Estados Unidos, revelaram que embora o consumo de cigarros comuns entre adolescentes americanos tenha caído, entre 2011 e 2012, o de eletrônicos duplicou.
Não existe padronização na quantidade de nicotina vaporizada pelas diferentes marcas de eletrônicos; nem controle de qualidade. Os testes mostram que alguns conseguem liberar o dobro ou o triplo de nicotina, em cada tragada.
Ainda não há comprovação científica de que o cigarro eletrônico substitua os convencionais. O uso concomitante pode levar ao consumo de doses exageradas de nicotina, eventualmente próximas de limites perigosos.

2) Os defensores
Consideram que o cigarro eletrônico se enquadra nas chamadas estratégias de redução de riscos, semelhantes às de distribuição de seringas para usuários de drogas injetáveis, adotadas como medida de prevenção à Aids.
Há quem acredite que, ao lado de outras formas de administrar nicotina sem utilizar combustão (chicletes, pastilhas e adesivos), os dispositivos eletrônicos têm potencial para se tornar um dos maiores avanços na história da saúde pública.
Para eles, o vapor de nicotina inalado através do cigarro eletrônico mimetiza as experiências prévias do fumante, sem deixar de estigmatizar o cigarro comum.
Lembram que no mundo ocorrem seis milhões de óbitos por ano, por causa do fumo, e que as previsões para o século 21 não poderiam ser mais sombrias: um bilhão de mortes, predominantemente entre os mais pobres e menos instruídos.
Defendem que a estratégia de reduzir, mesmo sem eliminar, o risco de morte associado ao cigarro, é um imperativo moral.
Difícil não reconhecer que os dois lados apresentam argumentos consistentes.
Minha opinião é de que os cigarros eletrônicos devem obedecer a leis que os obriguem a passar por controle de qualidade, que proíbam fumá-los em bares, restaurantes, escritórios e outros espaços públicos fechados, e que vedem a publicidade pelos meios de comunicação de massa.
Seria fundamental, ainda, proibir que os fabricantes adicionassem mentol, essências de morango, baunilha ou chocolate, para torná-los mais palatáveis às crianças, prática criminosa que a Anvisa não consegue impedir que a indústria do fumo continue utilizando no cigarro comum.
Na falta de melhor alternativa, o cigarro eletrônico pode ser uma forma menos maligna de lidar com a dependência de nicotina. Mas, é preciso criar com urgência uma legislação para lidar com ele.

Fontehttp://drauziovarella.com.br/dependencia-quimica/o-cigarro-eletronico/